A quantidade de campanhas a favor da preservação do meio ambiente por parte do governo vêm aumentando demasiadamente, o que deve ser bem considerado, visto que atualmente estamos inseridos num contexto de grande alerta decorrente da grande ameaça de aquecimento global, e esgotamento de recursos naturais. Só que o que também é possível notar, é que os mesmos recursos utilizados para a divulgação de idéias ecologicamente corretas vão de confronto com as mensagens que querem nos passar, pois, na maioria dos casos, a propaganda utilizada agrediu de alguma maneira o meio em que vivemos e consecutivamente todo o universo que ele reflete. É um verdadeiro paradoxo.
A divulgação impressa de campanhas de conscientização, por exemplo, requer de uma grande quantidade de papel, e para a fabricação do papel é necessário o corte de árvores, o que é um impacto na natureza, sem contar que os mesmos papéis distribuídos, após chegar nas mãos dos receptores, não terão outro destino a não ser o chão das ruas, provocando a degradação visual do ambiente, a poluição de rios, e o entupimento de bueiros, podendo provocar enchentes e consecutivamente grandes desastres.
A verdade é que problemas ambientes estão na mídia, e é bastante conveniente o uso de argumentos polêmicos como estratégia de marketing. Inteligente a idéia, mas não o suficiente ao ponto de serem capazes de contradizer a mensagem no momento imediato que a divulgam ou por não aderirem por completo a causa e não passarem a lutar com sinceridade a favor da conservação de tudo aquilo que possibilita a existência do nosso bem mais precioso: a vida.
Brincando, brincando, a gente pula, sim, o micareta, mas, pra cuidar do planeta, aí teremos que falar sério. E o que é sério certamente não é um desfile de fantasias recicláveis, nem ao menos palavras soltas pronunciadas no microfone em frente as câmeras. Sério seria a ampliação da fiscalização das cachoeiras e o lixo que lá são esquecidos ou a investigação e condenação dos autores das queimadas de nossas belas serras. Sério seria se promovessem a limpeza dos rios itapicuru e ouro, a revitalização de nossas nascentes ou finalmente descobrissem a solução para o destino de todo o lixo produzido na cidade. Também seria séria a utilização das mesmas idéias pró-ambientais na produção de emprego e renda, como conseqüência da grande quantidade de latas e garrafas surgidas com o fim da festa e um bom destino atribuído a elas, como a criação de uma fábrica de reciclagem, por exemplo.
Antes de qualquer outra coisa, o que está em evidência é o consumismo, narcisismo, individualismo, egocentrismo e o espetacular ismo, características da pós-modernidade, e nessa política do ‘faço o que eu digo mas não faça o que eu faço’ eu só vou entrar, porque to com sede de festa!
Maria Clara Carvalho