23/10/2012

Nem tão pouco às coisas e nem tanto às pessoas

(Por José Carlos Benigno)

Voltemos ao ano de 2008, mais precisamente meados de fevereiro. Fui convidado pelo Dr. Rui Macedo, então prefeito de Jacobina, para assumir o honroso cargo de assessor de Comunicação do município.
A minha missão era fazer aparecer para a sociedade os feitos daquela administração, pois, segundo a maioria da equipe, até então tinham sido pouco divulgados na mídia.
O fato é que descobrimos que estes feitos, em sua grande maioria, eram abstratos porque quase tudo estava em prol das pessoas através de ações voltadas para a Saúde, Educação, Assistência Social, geração de empregos e desenvolvimento econômico. Enfim obras que não se enxergava, embora fossem reais.
O grande reclame da população era com o descaso em relação ao físico. As obras de construções eram quase somente de projetos e mais projetos, e, quando reais, a qualidade não agradava. Muito se comparava estes quesitos com os do ex-prefeito Leopoldo, que havia antecedido Rui e que, embora tido como um gestor desumano era quase perfeito nestas questões (limpeza pública, construções e etc.). Porém, ninguém negava ao Dr. Rui os méritos pelos feitos na Educação, geração de renda, desenvolvimento econômico e principalmente  na Saúde. Coincidência ou não chegamos a ganhar o reconhecimento do Ministério do Trabalho como uma das cidades que mais gerou empregos naquele ano (2008).
Veio a eleição e Rui Macedo é derrotado nas urnas por pouco mais de 200 votos para Valdice Castro.
...
Apesar de ter ficado a maior parte do tempo fora de Jacobina durante os últimos quatro anos, pude perceber as mudanças que esta cidade sofreu neste período do governo Valdice.
Recentemente, numa noite de calor, resolvi dar uma volta por quase todas as ruas de Jacobina e comprovei ser inegável que Valdice Castro, em que pese todo o desprezo à saúde, atestado pelo povo em seus reclames através da mídia e os vários movimentos de protestos, fez muitas obras físicas com qualidade, mas a sociedade fala de forma uníssona que deixou para fazê-las somente no período que antecedeu a eleição. Uma estratégia antiga e ultrapassada muito utilizada pelos antigos coronéis da política.
Numa linguagem mais atual diriam os jovens: “Tipo assim, meio que subestimando a inteligência do povo”.
É até provável que, se tivesse pulverizado esta mesma quantidade de ações, obras, durante os seus dois últimos anos de governo, ainda que maltratando o povo pela questão da saúde e o pouco caso feito com a geração de renda e desenvolvimento econômico, não tivesse perdido a eleição.
Em síntese e grosso modo: Rui, então prefeito de Jacobina, perdeu as eleições em 2008 para Valdice Castro porque, embora tenha cuidado bem das pessoas, não soube cuidar bem das coisas. Valdice Castro perde as eleições em 2012 para o mesmo Rui Macedo porque, embora tenha cuidado bem das coisas, não soube cuidar bem das pessoas.
Depois do que vimos nesses oito últimos anos de Rui e Valdice, não seria loucura afirmar que se verdadeiramente pudéssemos ter contado com dois prefeitos no governo de Valdice (como ela mesma preanunciou em sua campanha de 2008, admitindo ingenuamente o fato de que governaria com as instruções do seu esposo, o ex-prefeito de Jacobina, Leopoldo), os protagonistas ideais para esta inconstitucionalidade não seriam Leopoldo e Valdice, mas Rui para cuidar das pessoas e Valdice para cuidar das coisas.
Sendo mais inteligente o Dr. Rui, que assume em Janeiro do próximo ano, poderia aproveitar a lição, mudar um pouco o pensamento e criar uma nova forma de governar em Jacobina: administrar priorizando nem tão pouco às coisas e nem tanto as pessoas, afinal o povo deixou este recado de forma muito clara na alternância de gestores feita através do voto nas duas últimas eleições.
De outro modo então buscaríamos um prefeito híbrido, fabricado em laboratório, que de uma vez por todas atendesse de forma paralela a esses dois lados e Jacobina finalmente estaria bem governada correspondendo aos já tão claros anseios da sua população

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