(Por José Carlos Benigno)
Voltemos ao ano de 2008, mais precisamente meados de fevereiro. Fui
convidado pelo Dr. Rui Macedo, então prefeito de Jacobina, para assumir o
honroso cargo de assessor de Comunicação do município.
A minha missão era fazer aparecer para a sociedade os feitos daquela
administração, pois, segundo a maioria da equipe, até então tinham sido
pouco divulgados na mídia.
O fato é que descobrimos que estes feitos, em sua grande maioria,
eram abstratos porque quase tudo estava em prol das pessoas através de
ações voltadas para a Saúde, Educação, Assistência Social, geração de
empregos e desenvolvimento econômico. Enfim obras que não se enxergava,
embora fossem reais.
O grande reclame da população era com o descaso em relação ao físico.
As obras de construções eram quase somente de projetos e mais projetos,
e, quando reais, a qualidade não agradava. Muito se comparava estes
quesitos com os do ex-prefeito Leopoldo, que havia antecedido Rui e que,
embora tido como um gestor desumano era quase perfeito nestas questões
(limpeza pública, construções e etc.). Porém, ninguém negava ao Dr. Rui
os méritos pelos feitos na Educação, geração de renda, desenvolvimento
econômico e principalmente na Saúde. Coincidência ou não chegamos a
ganhar o reconhecimento do Ministério do Trabalho como uma das cidades
que mais gerou empregos naquele ano (2008).
Veio a eleição e Rui Macedo é derrotado nas urnas por pouco mais de 200 votos para Valdice Castro.
...
Apesar de ter ficado a maior parte do tempo fora de Jacobina durante
os últimos quatro anos, pude perceber as mudanças que esta cidade sofreu
neste período do governo Valdice.
Recentemente, numa noite de calor, resolvi dar uma volta por quase
todas as ruas de Jacobina e comprovei ser inegável que Valdice Castro,
em que pese todo o desprezo à saúde, atestado pelo povo em seus reclames
através da mídia e os vários movimentos de protestos, fez muitas obras
físicas com qualidade, mas a sociedade fala de forma uníssona que deixou
para fazê-las somente no período que antecedeu a eleição. Uma
estratégia antiga e ultrapassada muito utilizada pelos antigos coronéis
da política.
Numa linguagem mais atual diriam os jovens: “Tipo assim, meio que subestimando a inteligência do povo”.
É até provável que, se tivesse pulverizado esta mesma quantidade de
ações, obras, durante os seus dois últimos anos de governo, ainda que
maltratando o povo pela questão da saúde e o pouco caso feito com a
geração de renda e desenvolvimento econômico, não tivesse perdido a
eleição.
Em síntese e grosso modo: Rui, então prefeito de Jacobina, perdeu as
eleições em 2008 para Valdice Castro porque, embora tenha cuidado bem
das pessoas, não soube cuidar bem das coisas. Valdice Castro perde as
eleições em 2012 para o mesmo Rui Macedo porque, embora tenha cuidado
bem das coisas, não soube cuidar bem das pessoas.
Depois do que vimos nesses oito últimos anos de Rui e Valdice, não
seria loucura afirmar que se verdadeiramente pudéssemos ter contado com
dois prefeitos no governo de Valdice (como ela mesma preanunciou em sua
campanha de 2008, admitindo ingenuamente o fato de que governaria com as
instruções do seu esposo, o ex-prefeito de Jacobina, Leopoldo), os
protagonistas ideais para esta inconstitucionalidade não seriam Leopoldo
e Valdice, mas Rui para cuidar das pessoas e Valdice para cuidar das
coisas.
Sendo mais inteligente o Dr. Rui, que assume em Janeiro do próximo
ano, poderia aproveitar a lição, mudar um pouco o pensamento e criar uma
nova forma de governar em Jacobina: administrar priorizando nem tão
pouco às coisas e nem tanto as pessoas, afinal o povo deixou este recado
de forma muito clara na alternância de gestores feita através do voto
nas duas últimas eleições.
De outro modo então buscaríamos um prefeito híbrido, fabricado em
laboratório, que de uma vez por todas atendesse de forma paralela a
esses dois lados e Jacobina finalmente estaria bem governada
correspondendo aos já tão claros anseios da sua população
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